quarta-feira, 25 de abril de 2012


PINHEIRINHO 


No dia 22 de janeiro, a Polícia Militar de São Paulo (PMSP) e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) da cidade de São José dos Campos, no estado de São Paulo, invadiram a ocupação conhecida como Pinheirinho para cumprir uma ordem de reintegração de posse expedida pela justiça estadual. A violenta desocupação da comunidade ficou conhecida como “Massacre do Pinheirinho” após demonstração de violência e brutalidade por parte das forças policiais na expulsão e intimidação dos moradores despejados em meio a uma imensa confusão judicial.
O terreno do Pinheirinho, ocupado há 8 anos e onde vivem mais de 1500 famílias, ou algo entre 6 e 9 mil pessoas, pertence à massa falida do especulador libanês Naji Nahas e de sua empresa, Selecta. Nahas, que já chegou a ser preso pela Polícia Federal por crimes financeiros, passou a proprietário do terreno no início dos anos 80 embora não exista informação sobre como foi feito o processo de aquisição após o assassinato nunca solucionado dos antigos donos, em 1969.
O governo de São Paulo havia exigido a reintegração de posse em meados de janeiro e várias idas e vindas na justiça transformaram o caso numa grande confusão com o governo federal disposto a comprar e regularizar o terreno, mas com a prefeitura e o governo de São Paulo se recusando a cumprir o acordo.
Porém a ordem para a reintegração de posse do terreno foi suspensa quando o governo estadual e federal entraram em acordo para abrir uma janela de negociação de 15 dias para que a prefeitura local pudesse decidir se iria em frente com a reintegração ou transformava o terreno de mais de um milhão de metros quadrados em área de interesse social, passando então a titularidade para os moradores, em geral trabalhadores pobres e suas famílias.


Moradores da favela Pinheirinho estão armados com escudos e bastões esperando a chegada de policiais com ordem judicial para expulsá-los de terreno invadido, em São José dos Campos (SP)

O acordo, porém, foi descumprido e, sem nenhum aviso, a PM chegou ao local com um efetivo perto de 2 mil policiais fortemente armados, além de um número ignorado de Guardas Civis para desocupar o terreno. Como era de se esperar, houve resistência.
Mesmo pegos de surpresa, os moradores tentaram armar barricadas, ateando fogo em carros, prédios públicos vizinhos e atirando pedras, demonstrando total desespero frente à ação despreparada e violenta da polícia.
A prefeitura de São José dos Campos, que em alguns casos tem pago passagens para que alguns moradores retornem às suas cidades de origem, em especial no nordeste brasileiro, tem alojado as famílias expulsas de suas casas em abrigos precários. Os moradores cadastrados receberam pulseiras de cor azul para permitir sua entrada nos abrigos disponíveis.

De acordo com o ativista Pedro Rios Leão há denúncias de que a polícia e a guarda civil da cidade estariam sequestrando feridos e mortos para evitar que entrassem nas estatísticas oficiais. O capitão Antero, da Polícia Militar havia informado que não havia registro de mortos e tampouco de feridos graves no começo da noite do dia 22, porém os fatos começam a desmenti-lo, como por exemplo informou o Blog de Solidariedade à Ocupação Pinheirinho que um morador pode ficar paraplégico depois de ser atingido por bala da polícia. A PM alegou não usar armas de fogo, apenas balas de borracha, mas as imagens tanto em foto quanto em vídeo mostram que a GCM usou pistolas com munição real contra a população.

O Pinheirinho é agora um bairro-fantasma. As quase mil casas serão em breve demolidas. Com elas, cairão também os sonhos e histórias de vida de quase nove mil pessoas. A terra arrasada ficará por lá. Sem as casas, sem os moradores, mas finalmente de volta para seu “dono”. 

No entanto, fala-se de possível responsabilização legal do prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB) e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pela extrema violência e possíveis mortes.
Foram ainda realizados atos de apoio ao Pinheirinho por todo o país, e neste álbum, de Thiago Moreira é possível ter acesso a dezenas de fotos do ato em São Paulo e no site do Coletivo Catarse um vídeo do ato.
A situação no Pinheirinho ainda é crítica. São milhares de desabrigados vivendo em tendas improvisadas, abrigos e igrejas, mas sujeitos à todo tipo de violação e abusos por parte da polícia.









- Camila Christine Alves Alencar                              
- Evelyn Tauany                                                    
- Leonardo B. da Silva                                          
- Taina Castelo B. Rodrigues                                  

domingo, 15 de abril de 2012

Primavera Árabe | 1°L : Beatriz Andrade, Jheniffer Andrade, Larissa Vertuozzi, Mirian Ventura e Natália Almeida

Os protestos no mundo árabe em 2010-2011, também conhecido como a Primavera Árabe, uma onda revolucionária de manifestações e protestos que vêm ocorrendo no Oriente Médio e no Norte da África desde 18 de dezembro de 2010. Até a data, tem havido revoluções na Tunísia e no Egito, uma guerra civil na Líbia; grandes protestos na ArgéliaBahreinDjibutiIraqueJordâniaSíriaOmã e Iémen e protestos menores no KuwaitLíbanoMauritâniaMarrocosArábia Saudita,Sudão e Saara Ocidental.Os protestos têm compartilhado técnicas de resistência civil em campanhas sustentadas envolvendo greves, manifestações, passeatas e comícios, bem como o uso das mídias sociais, como FacebookTwitter e Youtube, para organizar, comunicar e sensibilizar a população e a comunidade internacional em face de tentativas de repressão e censura na Internet por partes dos Estados.

Início


Zine El Abidine Ben Ali, o primeirochefe de estado a ser deposto em janeiro de 2011.
Em dezembro de 2010 um jovem tunisiano, desempregado, ateou fogo ao próprio corpo como manifestação contra as condições de vida no país. Ele não sabia, mas o ato desesperado, que terminou com a própria morte, seria o pontapé inicial do que viria a ser chamado mais tarde de Primavera Árabe. Protestos se espalharam pela Tunísia, levando o presidente Zine el-Abdine Ben Ali a fugir para a Arábia Saudita apenas dez dias depois. Ben Ali estava no poder desde novembro de 1987 

Evolução

Primavera Árabe, como o evento se tornou conhecido, apesar de várias nações afetadas não serem parte do "Mundo árabe", foi provocado pelos primeiros protestos que ocorreram na Tunísia em 18 de Dezembro de 2010, após a auto-imolação de Mohamed Bouazizi, em uma forma protesto contra a corrupção policial e maus tratos. Com o sucesso dos protestos na Tunísia, uma onda de instabilidade atingiu a Argélia, Jordânia, Egito e o Iêmen,com os maiores, mais organizadas manifestações que ocorrem em um "dia de fúria". Os protestos também têm provocado distúrbios semelhantes fora da região.
Até à data, as manifestações resultaram na derrubada de três chefes de Estado: o presidente da TunísiaZine El Abidine Ben Ali, fugiu para a Arábia Saudita em 14 de janeiro, na sequência dos protestos da Revolução de Jasmim; no Egito, o presidente Hosni Mubarak renunciou em 11 de Fevereiro de 2011, após 18 dias de protestos em massa, terminando seu mandato de 30 anos; e na Líbia, o presidente Muammar al-Gaddafi, morto em tiroteio após ser capturado no dia 20 de outubro e torturado por rebeldes, arrastado por uma carreta em público, morrendo com um tiro na cabeça. Durante este período de instabilidade regional, vários líderes anunciaram sua intenção de renunciar: o presidente do IêmenAli Abdullah Saleh, anunciou que não iria tentar se reeleger em 2013, terminando seu mandato de 35 anos. O presidente do SudãoOmar al-Bashirtambém anunciou que não iria tentar a reeleição em 2015,assim como o premiê iraquianoNouri al-Maliki, cujo mandato termina em 2014, embora tenha havido manifestações cada vez mais violentas exigindo a sua demissão imediata. Protestos na Jordânia também causaram a renúncia do governo, resultando na indicação do ex-primeiro-ministro e embaixador de Israel, Marouf Bakhit, como novo primeiro-ministro pelo rei Abdullah.
A volatilidade dos protestos e as suas implicações geopolíticas têm chamado a atenção global com a possibilidade de que alguns manifestantes possam ser nomeados para o Prêmio Nobel da Paz de 2011.

Situação por país

██ Governo derrubado
██ Desordem civil sustentada e mudanças governamentais
██ Protestos e mudanças governamentais
██ Grandes protestos
██ Protestos menores
██ Protestos fora do mundo árabe



PaísData de inícioData de términoTipo de protestoConsequências
TunísiaTunísia18 de dezembro de2010Autoimolação de Mohamed Bouazizi e grandes manifestações públicasDeposição de Ben Ali
Argélia Argélia28 de dezembro de2010Grandes manifestações públicasO presidente Abdelaziz Bouteflika promete o fim do estado de emergência
Líbia Líbia13 de janeirode 2011Protestos por habitação e grandes manifestações públicas, segundo ONG, mais de 200 pessoas já foram mortas nestes protestos.Guerra civil, intervenção internacional e deposição do regime. Morte do ditador Muammar al-Gaddafi.
JordâniaJordânia14 de janeirode 2011Pequenos protestosMudança de Governo e apelo do rei Abdullah II a rápidas e eficazes reformas democráticas.
MauritâniaMauritânia17 de janeirode 201117 de janeirode 2011Autoimolação
Omã Omã17 de janeirode 201117 de janeirode 2011Pequenos protestosO sultão Qaboos bin Said Al Said anuncia aumento do salário mínimo aos empregados do setor privado
Iémen Iêmen18 de janeirode 2011Grandes manifestações públicasO Presidente Saleh anuncia que não concorrerá nas próximas eleições
Arábia Saudita Arábia Saudita21 de janeirode 201129 de janeirode 2011Autoimolação
Líbano Líbano24 de janeirode 2011Pequenos protestos
Egito Egito25 de janeirode 201111 de fevereiro de2011Grandes manifestações públicasRenúncia de Hosni Mubarak
Síria Síria26 de janeirode 2011Autoimolação, grandes protestosO presidente Bashar al-Assad prometeu reformas no governo. Escalada da violência e substancial número de mortes.
Estado da PalestinaPalestina28 de janeirode 2011Pequenos protestos
MarrocosMarrocos30 de janeirode 2011AutoimolaçãoO rei Mohammed VI organizou um referendo que permitiu a mudança da Constituição no sentido da Monarquia Constituicional e da Democracia.
Djibouti Djibuti1 de fevereirode 20111 de fevereirode 2011Pequenos protestos
Iraque Iraque10 de fevereirode 2011Autoimolação, protestos em várias cidades por todo o paíspremier Nouri al-Maliki anuncia que não concorrerá a um terceiro mandato
Bahrein Barein14 de fevereirode 2011Grandes manifestações públicasO rei Hamad doará dinheiro para cada família e ordena a soltura de presos políticos [35]
Kuwait Kuwait18 de fevereirode 2011Grandes manifestações públicas

Motivações

A revolução democrática árabe é considerada a primeira grande onda de protestos laicistas e democráticos do mundo árabe no século XXI. Os protestos, de índole social e, no caso de Túnis, apoiada pelo exército, foram causados por fatores demográficos estruturais, condições de vida duras promovidas pelo desemprego, ao que se aderem os regimes corruptos e autoritários revelados pelo vazamento de telegramas diplomáticos dos Estados Unidos divulgados pelo Wikileaks. Estes regimes, nascidos dos nacionalismos árabes dentre as décadas de 1950 e 1970, foram se convertendo em governos repressores que impediam a oposição política credível que deu lugar a um vazio preenchido por movimentos islamistas de diversas índoles.

Uma charge política de Carlos Latuffrepresentando Hosni Mubarak em frente ao efeito dominó desencadeado pelosprotestos na Tunísia.
Outras causas das más condições de vida, além do desemprego e da injustiça política e social de seus governos, estão na falta de liberdades, na alta militarização dos países e na falta de infraestruturas em lugares onde todo o beneficio de economias em crescimento fica nas mãos de poucos e corruptos.
Estas revoluções não puderam ocorrer antes, pois, até a Guerra Fria, os países árabes submetiam seus interesses nacionais aos do capitalismo estadunidense e docomunismo russo. Com poucas exceções, até a Guerra Fria, maiores liberdades políticas não eram permitidas nesses países. Diferentemente da atualidade, a coincidência com o amplo processo da globalização, que difundiu as ideias do Ocidente e que, no final da primeira década do terceiro milênio, terminaram tendo grande presença as redes sociais, que em 2008 se impuseram na internet. Esta, por sua vez, se fez presente na década de 2000, devido aos planos de desenvolvimento da União Europeia. A maioria dos protestantes são jovens (não em vão, os protestos no Egito receberam o nome "Revolução da Juventude"), com acesso a Internet e, ao contrário das gerações antecessoras, possuem estudos básicos e, até mesmo, graduação superior. O mais curioso dos eventos com início na Tunísia foi sua rápida difusão por outras partes do mundo árabe.
Por último, a profunda crise do subprime de 2008 na qual foi muito sentida pelos países norte-africanos, piorando os níveis de pobreza, foi um detonador para a elevação do preço dos alimentos e outros produtos básicos.
A estas causas compartilhadas pelos países da região se somam outras particulares. No caso da Tunísia, a quantidade de turistas internacionais e, em especial, os europeus que recebiam promoveu maior penetração das ideias ocidentais; ademais, O governo da Tunísia é o menos restritivo.