terça-feira, 20 de março de 2012

Desapropriação: Cracolândia





O termo cracolândia é derivado de “crack”, uma droga feita de cocaína e bicarbonato de sódio. Cracolândia é um local onde dependentes químicos do crack costumam se reunir para utilizar, trocar e comercializar a droga. A cracolândia mais famosa é a existente numa área do centro de São Paulo, entre as avenidas Duque de Caxias, Ipiranga, Rio Branco, Cásper Líberto e Mauá.
Iniciado em 1950, a concentração dos “crackeiros” foi um processo natural, uma vez que o alto grau de dependência da droga exige um local onde o poder público não está presente.
Por ser barato e ter devastador poder de vício, o crack atingiu inicialmente as populações mais vulneráveis: crianças e moradores de rua. No entanto, o consumo logo se alastrou para outras classes sociais. Usuários costumavam ficar confinados por horas em construções abandonadas da região para consumir a droga perto dos traficantes. O uso à luz do dia também se tornou recorrente. Em meados dos anos 2000 começou o “uso descarado” do crack na região. A definição da assistente social Neide de Almeida Nunes, que trabalha na Luz desde 1988, nada mais quer dizer que o uso público da droga passou a ser tolerado.
Na cidade do Rio de Janeiro também existe cracolândia, recentemente, está situada na favela do Jacarezinho, subúrbio do Rio. Em maio de 2010, mais de 100 pessoas foram detidas durante ação policial sobre os usuários de droga. A polícia declarou que a cracolândia carioca do jacarezinho já existia desde 2009.
Em 03 de Janeiro de 2012, uma nova operação da Policia Militar de São Paulo determinava a “limpeza” e a repressão do consumo de drogas no centro da cidade, denominada “Operação Centro Legal”. Seu objetivo maior era descobrir os fornecedores e os traficantes, e acabar com a degradação da imagem da cidade.
De acordo com balanço divulgado pelo governo, um mês depois do começo da operação, 216 pessoas e 55 foragidos foram presos. Ainda foram internadas 190 pessoas em clínicas de saúde. Isso significa que 457 pessoas que frequentavam a cracolândia foram retiradas de circulação. No início da operação, a polícia calculava que 400 pessoas estavam na região. A população flutuante podia chegar a 2 mil pessoas.
Depois da operação, é possível dizer que os problemas acabaram? Depois de décadas, a Luz esta livre da aglomeração de sem-tetos em suas ruas e edifícios abandonados? E o que aconteceu com mulheres, homens e crianças que ali viviam; continuam presos e internados ou voltarão onde estavam? O resto do Brasil seguira o exemplo de nossa metrópole?

Prós:



"Creio que conseguimos quebrar a espinha do tráfico, apesar de ainda existirem traficantes no local", diz o delegado Edison de Santi, responsável pela inteligência do Departamento de Investigação sobre Narcóticos.


De acordo com o balanço da Globo.com, desde 3 de janeiro até esta quinta-feira (2) ocorreram 186 internações de dependentes químicos. Segundo balanço do governo, 13.361 pessoas foram abordadas por equipes da assistência social, da saúde ou da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Ao todo, 1.477 foram encaminhados a serviços de saúde.
A aprovação da população sobre a operação é grande. A Polícia Militar tem o apoio de cerca 82% dos moradores da cidade. Na zona leste, 83% aprovam a operação, sendo a região mais favorável com a polícia. Já os moradores do centro são mais críticos, tendo 71, 2% de apoio.
As medidas adotadas (prisões e arbodagens) pela polícia na Cracolândia também recebem aplausos: 63,2% aprovam totalmente, enquanto 4,5% aprovam. Apenas 15,2% reprovam. No entanto, a pesquisa mostra a população dividida sobre a internação à força de viciados: 49,8% são a favor e 49,4%, contra.
A operação não apenas resultou na retirada de indivíduos, como a diminuição  de crimes na região. Os dados da Secretaria de Segurança Pública revelam que o 77º Distrito Policial reduziu em 13,9% o total de roubos e furtos na Cracolandia. Também houve queda em distritos vizinhos, como no 2º DP, no Bom Retiro (- 9,5%), no Cambuci (-3,1%) e Sé (-11,3%).
Quanto a internação, um balanço diz que o perfil dos dependentes químicos internados pela Prefeitura após o início da operação policial na cracolândia mostra que entre os dias 3 de janeiro e 22 de fevereiro, 218 de 268 pacientes eram que representa 7,4% do total. O restante é formado por mulheres. Não há crianças na lista. Na média, são cinco usuários internados por dia

 
Contras



“Você está assistindo ao governo solucionar um problema de moradia com a Tropa de Choque, agredindo mulher com criança de colo e acha que é isso que deve ser feito? Na hipótese mais bizarra, o Estado ainda estaria errado pela forma como trata as pessoas...” Emicida


Depois de 3 meses depois da operação, a Cracolândia não desapareceu. Dois meses depois de iniciada a Operação Centro Legal na cracolândia, o consumo e a venda de crack resistem na região, apesar da presença ostensiva da PM e da grande quantidade de prisões. As aglomerações e "procissões do crack", agora, migraram para o coração do futuro projeto Nova Luz, a poucos metros da região da Rua Helvétia, Alameda Dino Bueno e Barão de Piracicaba, onde os consumidores ficavam quando Estado e Prefeitura deflagraram a operação - e que agora está sem viciados.
Entretanto, as migrações de viciados não pararam apenas em Nova Luz. Na Zona Leste, uma mini cracolândia foi formada em Itaquera, onde um bar é feito como ponto para venda de drogas. Butantã, Vila Mariana, Freguesia do Ó e Vila Formosa também foram invadidos por maior número de viciados após de Janeiro. Moradores temem cada vez mais pelo seus ambientes enquanto o número de telefonemas que reportam o aparecimento de sem-tetos em seus bairros aumentam a cada dia.
E não é apenas nas ruas que a situação da Cracolândia é discutida. Os políticos usam o problema como tática para a corrida eleitoral. Alguns concordam a solução da operação e acreditam que erradicar o trafico de drogas na região é o objetivo certo a levar em contra. Outros criticam a posição da PM e apresentam soluções e a busca de culpados.
Os mais estudiosos do caso criticam totalmente a situação. Eles acreditam que existe a falta de continuidade nas implantações de políticas e tratamento de usuários de crack. Enquanto elas não forem buscadas, nada adiantará com a implantação de operações da polícia e mandatos de prisões.



O Lado que poucos se importam



Nos meios de comunicações, a desocupação e as opiniões contraditórias para o problema da Cracolândia são sempre constantes. A Policia Militar, os estudiosos, os políticos; todos a procura de alguma solução definitiva sobre o problema da aglomeração precária de uma avenida famosa.
Mas o que as pessoas deveriam mais se preocupar e se mobilizar, é exatamente o motivo de toda a confusão: os dependentes. Afinal, como eles chegaram ali?




O crack prende milhares de pessoas, independente da faixa etária, no Brasil todo. Antes de tomar qualquer precaução para que a Cracolandia seja dispersa, é preciso que as pessoas se curem desse mal. Formas mais reabilitações gratuitas e de qualidade é um passo primordial e necessário.
Assim, precisamos ver os dependentes químicos como iguais, membros da nossa sociedade, que em sua maioria encontrou muito sofrimento e portas fechadas ao longo da vida. É provável que antes de entrarem ali, tenham sido humilhados e despejados de sua casa, e o conforto que eles obtiveram foi, infelizmente, a droga. 
Essa situação pode acontecer com todos, e até mesmo com nós próprios. Ajudar as pessoas a se livrar do vício, por mais difícil que seja, é muito mais importante que livras as ruas do centro da cidade de sujeira, eleições eleitorais, e até mesmo prender traficantes; ajudar as pessoas é humano, é certo


Trabalho: Ayana Martins
                   Nathalia Lima                                             1º E
                   Larissa Gomes
                   Pamela Silva
                   Angélica

4 comentários:

  1. Sensacional. Isso sim é um trabalho de verdade, estou orgulhoso. A nota será de acordo com o desenvolvimento e profundidade do trabalho. Muito original, com várias fontes de pesquisa e opiniôes prós e contras. É isso o que eu espero de vocês, essa busca pelo senso critico e pela autonomia sobre um tema tão polêmico. COntinuem assim.

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  2. Professor, vou ser sincero. Acho que o senhor deveria ensinar com um pouco mais de imparcialidade, do que tentar impor assuntos de interesse somente seu aos alunos...

    É só a minha humilde opinião, desculpe me se esse é realmente o plano de ensino

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  3. Considero a sua opinião, mas os assuntos tratados em sala de aula estão diretamente ligado ao plano de ensino e a disciplina. O intuíto dessa disciplina é tentar criar um SENSO CRÍTICO, para que os alunos possam ter autonomia e opinião própria diante situações rotineiras, cotidianas.
    A função da sociologia é tentar entender de forma ciêntífica as mudanças causadas e forma de reprodução social por essa sociedade e sitema capitalista. Eu estaria impondo algo se eu mostrasse somente um lado da moeda, sou somente rígido nas teorias que eu estudei, não é somente a minha opinião. Mas obrigado pela observação.

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  4. 1950? deve haver algum engano. O crack só surgiu na década de 90, ou seja, quarenta anos depois.

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