domingo, 1 de abril de 2012

Cracolândia 1ºA


               Cracolândia     Cracolândia por derivação de crack é uma denominação popular para uma região no centro da cidade de São Paulo, nas imediações avenidas Duque de Caxias, Ipiranga, Rio Branco, Cásper Líbero e a rua Mauá, onde historicamente se desenvolveu intenso tráfico de drogas e meretrício.                        História             Durante o final da década de 1960, com o surgimento do chamado cinema marginal, houve um crescente desenvolvimento da atividade cinematográfica nesta região da cidade. Diversas produtoras e alguns cinemas lá surgiram nesta época.A Boca do Lixo pode ser considerada o berço do cinema marginal, de diretores como Rogério Sganzerla, Ozualdo Candeias e Júlio Bressane, entre outros. Os filmes marginais, ligados à Boca, eram sempre permeados de muita sexualidade, escracho e esbórnia. Durante a década de 1980, essa produção intensificou o teor sexual e entrou no período que ficou conhecido como a fase da pornochanchada. A Boca foi responsável por mais de 700 títulos nesta época.             Desde 2005, a prefeitura fechou bares e hotéis ligados ao tráfico de drogas e à prostituição, retirou moradores de rua e aumentou o policiamento para inibir o consumo de drogas no local. Centenas de imóveis foram declarados de utilidade pública, em uma área de 105 mil metros quadrados, e estão sendo desapropriados. O objetivo do programa é tornar a área atrativa a investimentos privados, abrindo espaços para empresas do setor imobiliário.Em 2007, a Prefeitura de São Paulo lançou um programa denominado Nova Luz para promover a reconfiguração e requalificação da área. Entre as medidas propostas, destaca-se a renúncia fiscal referente ao IPTU, visando estimular a reformas de fachadas dos imóveis de valor venal inferior a R$ 300 mil. [4] Críticos do programa, no entanto, assinalam o seu caráter higienista, destacando que a recuperação de edifícios, praças, parques e avenidas não é acompanhada de ações voltadas aos grupos mais vulneráveis que vivem ou trabalham na área - que estão sendo sumariamente expulsos. Os sem-teto são retirados, o trabalho dos catadores de material reciclável é dificultado e os usuários e dependentes de crack (muitos dos quais crianças e adolescentes), impedidos de se reunir no local, são obrigados a perambular pelos bairros vizinhos, em bandos, sem rumo.


 Solução

Fernando Hadadd, candidato petista à prefeitura de São Paulo, critica a forma (o viés mais policial do que de saúde pública) com que o Governo do Estado vem tratando a questão da Cracolândia. De seu lado, os quatro pré-candidatos do PSDB defendem a ação policial.Na sua edição deste domingo (15-01), a Folha de  S. Paulo aborda a assunto com uma interrogação : Quem  ganha eleitoralmente com esse debate? Em anexo, o articulista Gilberto Dimenstein faz a mesma pergunta. A matéria e a pergunta do jornalão paulista apenas revelam sua indigência jornalística e seu caráter falto, bem como  sua hipócrita tentativa de parecer isento. Eleitoralmente falando, quanto valem alguns cadáveres ou o inaudito sofrimento humano?O jornalismo brasileiro transformou-se nessa coisa animalescamente burguesa e insensível. Objetiva e podre. As vítimas  da violência policial e da desgraça social são abstraídas ou tratadas como meros detalhes.Para não deixar a pergunta sem resposta, direi que, do ponto de vista eleitoral, ganham os tucanos. E ganham porque eles interpretam um sentimento generalizado  de uma parte assustadoramente crescente da burguesia brasileira desde seus estratos superiores até os  mais baixos, recém integrados à sociedade de consumo. Sentimento que se expressa de forma bem visível na Capital paulista, mais, talvez, do que na média das demais capitais.É um sentimento francamente fascista que o Serra soube aproveitar bem na campanha presidencial de 2010. Pode-se dizer também que  há ai uma  abordagem fascista que historicamente conduz à  ”Solução Final” nazista.A opinião de  alguns comerciantes e de moradores mais bem instalados, de ruas e bairros adjacentes à Cracolândia, ilustra bem  essa forma de sentir as coisas da vida.  Um comerciante queixa-se: “Depois que eles apareceram (os viciados  em crack) minhas vendas caíram em 40%” E diz um morador: “ Para entrar na minha casa tenho que  passar sobre um  monte de viciados”. Há ainda quem reclame da desvalorização de seus imóveis.É evidente que o comerciante tem direito ao lucro o morador ao acesso desimpedido à sua casa. Entretanto o que os torna burgueses brutalmente insensíveis e alienados é o fato de eles só verem um lado da questão e tratarem os dependentes do crack como um lixo a ser removido.A remoção do lixoPoderia dizer que praticamos, desde sempre, uma política de higienização das cidades, para conforto dos moradores mais bem sucedidos e valorização de seus imóveis. O paradigma desse  tipo de política foi o governo de Carlos Lacerda no início nos anos 60 do século passado, no Rio. Ele promoveu a remoção pura e simples de favelas populosas (e seu entulho humano) incrustadas em  valorizados bairros da Zona Sul. A chacina de mendigos também marcou essa época.Só nas últimas duas décadas os governos foram assumindo, timidamente,  a noção de que as  favelas  devem ser urbanizadas e integradas, mas sua população ainda é tratada como um inconveniente  agrupamento de pobres sobrantes. Entretanto  a questão de fundo permanece:  desde os primórdios da produção capitalista que  conviveu de forma harmoniosa e interativa com a ética puritana,  os pobre sobrantes  (que eram muitos) foram  tratados de forma  hipócrita e utilitarista.Nesta época, como Marx descreve com detalhes no Livro I de O Capital, crianças de oito anos eram internadas em fábricas-reformatórios  e obrigadas a trabalhar até 14 horas por dia. A argumentação dos piedosos puritanos era  a de que se ficassem nas ruas ou em seus ”lares pobres e promíscuos” elas cairiam no vício e na prostituição. Só cinqüenta  anos mais tarde, o Parlamento Inglês aprovou lei  proibindo o trabalho para menores de 14 anos.Tudo isso  para dizer que a mentalidade fascista e  nazista, bem como essa calhorda insensibilidade  humana da sociedade de consumo, não são  invenção dos Hitlers e Mussolinis da vida. São aspectos inerentes ao modo de produção capitalista que só  realiza sua acumulação (sua reprodução ampliada), contrariando os elementares interesses da humanidade e destruindo  (já agora de forma ciclópica) a Natureza.Haddad vai perder alguns, talvez muitos, votos nesse debate com os tucanos. Mas haverá, talvez, o resgate de algumas idéias e sentimentos generosos, em meio  ao sufocante pragmatismo da sociedade de consumo e sua mídia servil e corrupta. 

    Ação na Cracolândia eleva incertezas  sobre  projeto Nova Luz 

A operação realizada pela Polícia Militar na Cracolândia, para coibir o tráfico de crack no centro de São Paulo, aumentou o receio de moradores e comerciantes da região de que a transferência de posse - via venda negociada ou desapropriação - de 546 imóveis, prevista no projeto Nova Luz, comece em breve. As propriedades devem dar lugar a novos empreendimentos, de acordo com um plano urbanístico, cuja licença ambiental deve sair em fevereiro. Além da ação na Cracolândia, que tem dispersado usuários das ruas, a prefeitura lacrou nesta semana pelo menos 13 imóveis irregulares na região e iniciou a demolição de mais 6. Articulado pelo prefeito da capital, Gilberto Kassab (PSD), o projeto Nova Luz prevê a concessão por 15 anos de área de 529 mil metros quadrados (m2) no centro paulistano para um grupo imobiliário investir em revitalização com a restauração de fachadas, melhoria no sistema viário, áreas verdes, entre outras intervenções.

O objetivo do projeto - investimento estimado em R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 355 milhões da prefeitura - é transformar o bairro, criando mais espaço livre, mais imóveis residenciais e implantando escritórios e equipamentos públicos, como creches, escolas e postos de saúde.Dentro da área a ser revitalizada, 546 imóveis serão adquiridos e transformados pelo grupo imobiliário que vencer a concessão. A idéia é que a venda futura dos terrenos desses imóveis, já valorizados, remunere o trabalho da empresa concessionária. Os termos da concessão ainda estão sendo definidos e o edital deve ser lançado depois que sair o licenciamento do projeto urbanístico.A indefinição sobre como o projeto será tocado, porém, traz insegurança tanto para os comerciantes e moradores - muitos contra o plano - como para as construtoras, que têm grande interesse, mas aguardam as regras do jogo. Por conta da indefinição, outros investimentos no perímetro do projeto estão em compasso de espera. Até a Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação (Prodam) do município, que pretendia se instalar lá, desistiu pela demora. A nova sede da Prodam será no centro, mas não na Luz.Os lojistas da Santa Ifigênia, rua famosa pelo comércio de informática e eletroeletrônicos, querem ser investidores diretos na revitalização da área por meio de incentivos. "Do jeito que está, o projeto não atende à região. Vai descaracterizar o bairro. Nós queremos sobreviver aqui", diz Joseph Riachi, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas da Santa Ifigênia (CDL-SI).Procurada, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) apenas se manifestou por nota e informou que essa modalidade de incentivos diretos para os comerciantes não está contemplada no Nova Luz. Eles terão espaço para participar em eventual parceria com o concessionário para realizar as intervenções definidas pelo projeto. Segundo a nota da secretaria, encaminhada à reportagem em resposta aos questionamentos apresentados, essa modalidade de negócio foi "fruto do intenso intercâmbio entre a SMDU e a comunidade local".Pelos depoimentos de comerciantes, porém, ainda não se chegou a um consenso, mesmo com reuniões e com a divulgação do projeto urbanístico na internet antes das audiências públicas de janeiro e setembro do ano passado.Comerciantes temem ter que sair de lá e buscam alternativas para assegurar seus investimentos. João Bolsoni, dono da W+Som, loja de som automotivo na Santa Ifigênia há 46 anos, acha que a intervenção prejudica o comércio. "Se num caso mais delicado, como o da Cracolândia, a prefeitura agiu de surpresa, não dá para confiar no que vai vir para nós", diz ele, que relaciona a ação da PM à prefeitura. A investida da PM na Cracolândia é a primeira fase da operação Centro Legal, articulada em conjunto pela prefeitura e pelo governo do Estado.Duarte Maurício Fernandes, proprietário da padaria Casa Aurora, na rua Aurora, investiu, há quatro anos, R$ 2 milhões na ampliação e melhoria do estabelecimento. Quando o desenho da nova urbanização da área foi divulgado pela prefeitura no ano passado, descobriu que o quarteirão onde está deverá ser demolido para abrigar um condomínio residencial."Qual é a lógica disso? Estou desanimado, pois nem terminei de pagar os financiamentos. Quem vai assumir o prejuízo? Tenho 57 funcionários", diz ele. Segundo Fernandes, depois do anúncio do projeto os comerciantes não querem mais investir. "Todo mundo que ia investir, parou", afirma.Os imóveis sujeitos à transformação foram definidos por critérios técnicos, segundo a secretaria, buscando minimizar o impacto das intervenções. No caso de empreendimentos onde haverá transformação, se houver estabelecimento comercial no térreo, ele poderá permanecer. A padaria de Fernandes tem três andares.A Associação de Moradores e Amigos da Santa Ifigênia e da Luz (Amoaluz) tenta garantir o direito de permanência na região. Paula Ribas, 37 anos, jornalista e moradora da Luz desde que nasceu, diz que a luta é para reduzir o impacto sobre a vida dos moradores. "Precisamos de requalificação do bairro. É diferente de revitalização, porque aqui tem muita vida", diz ela.Dentro da área da Nova Luz, formada por 44 quarteirões, há 11 que formam uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis), onde é obrigatório o investimento em habitação popular. Em julho de 2011, a prefeitura criou o Conselho Gestor da Zeis da Nova Luz, para definir como será o plano urbanístico específico para essa área. Participam do conselho membros da administração municipal e representantes da sociedade civil, entre eles, Paula.Segundo a secretaria, a construção de habitações de interesse social (renda até seis salários mínimos) e de mercado popular (renda até 16 salários mínimos) será realizada por meio de políticas da Secretaria Municipal de Habitação. No momento, a minuta final do projeto urbanístico da Zeis está sendo discutida no conselho. Sem essa aprovação, o projeto de urbanização de toda a região fica inviabilizado.Para Kazuo Nakano, arquiteto urbanista do Instituto Polis, a situação dos moradores é delicada. "Não se sabe quais serão as regras para as desapropriações e a situação dos inquilinos é mais insegura ainda, pois eles não têm nem indenização e não têm como garantir que vão conseguir pagar o aluguel dos novos imóveis", diz ele.O negócio da Nova Luz é aprovado pelo setor imobiliário, o maior interessado. Sem o modelo de concessão concluído, porém, as construtoras estão cautelosas. "A gente precisava de algo do gênero, mas não conhecemos os termos da licitação, para avaliar a lucratividade do projeto ", diz Cláudio Bernardes, vice-presidente do Secovi-SP, entidade que representa as empresas do setor da construção.Para Antônio Setin, dono da incorporadora Setin, que possui investimentos no centro, a região é muito interessante para o setor imobiliário, mas não se investe no perímetro da Nova Luz, porque não há terreno disponível. "Não é tarefa fácil investir lá, porque não tem terreno sobrando, nem barato. É o poder público que pode viabilizar isso. O ideal seria que a prefeitura desapropriasse áreas, mas existem muito interesses a serem conciliados."Eduardo Machado, diretor de incorporações da construtora PDG também afirma que a Luz está entre os interesses da empresa no centro. "As melhorias que o projeto vai trazer são bem-vindas para a cidade, estamos de olho em todas as áreas do centro para investir."No entorno da Nova Luz há forte valorização imobiliária e lançamento de condomínios. O preço dos imóveis no centro de São Paulo aumentou até 300% nos últimos três anos, segundo José Roberto Iampolsky, dono da Paris Condomínios, imobiliária na Santa Ifigênia. "Os negócios da imobiliária mais que dobraram de dois anos para cá. Alguns apartamentos foram vendidos até três vezes no mesmo ano. A cada venda, um preço maior", conta.No edifício Marian, antigo hotel revitalizado na avenida Casper Líbero, todos os apartamentos estão reservados, mas as vendas não foram fechadas por causa da instabilidade de preço. "Para fazer o preço, temos que pensar no próximo investimento, e a valorização no centro está forte", diz o arquiteto Arnold Pierre Mermelstein, da Arco, responsável pela reforma. 









Grupo :

Jully Costa 
Felipe Alves
Rafael Gonçalves
Alison Silva

1ºA

Nenhum comentário:

Postar um comentário